terça-feira, 6 de dezembro de 2011

E porque é quase Natal...

Chove. É dia de Natal.
Lá para o Norte é melhor:
Há a neve que faz mal
E o frio que ainda é pior.

E toda a gente é contente
Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente.
Antes isso que nevar.

Pois apesar de ser esse
O Natal da convenção,
Quando o corpo me arrefece
Tenho frio e Natal não.

Deixo sentir a quem quadra
E o Natal a quem o fez,
Pois se vai mais uma quadra
Sinto mais Natal nos pés.

Não quero ser dos ingratos
Mas, com este obscuro céu,
Puseram-me nos sapatos
Só o que a chuva me deu.

Fernando Pessoa
25 - 12 - 1930
In Poesia 1918-1930 , Assírio & Alvim,
ed. Manuela Parreira da Silva, Ana Maria Freitas, Madalena Dine, 2005

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Novos nomes da Literatura Portuguesa

Se nomes como os de valter hugo mãe, José Luís Peixoto, Gonçalo M. Tavares e João Tordo já são nomes bastante conhecidos do público português e internacional, outros há que ainda não são tão familiares ao público em geral. Dulce Maria Cardoso é considerada por muitos uma autora genial, se bem que seja uma escritora ainda pouco conhecida e lida em Portugal. Quem sabe o lançamento recente de O Retorno - que  "narra a saga dos 600 mil portugueses que regressaram de África em situações dramáticas depois do 25 de Abril" (Ler, outubro de 2010) - não a lança, finalmente, para um lugar de maior destaque entre os escritores de língua portuguesa.
Mas em vez de falar de livros e dos seus autores, o Português em linha deixa-te aqui algumas sugestões:
(i) se quiseres conhecer dois dos nomes da nova geração, poderás assistir em Braga, no próxima segunda-feira, à Comunidade de Leitores da Velha-a-Branca, onde o autor Manuel Jorge Marmelo estará presente para discutir o seu mais recente livro, Uma Mentira Mil Vezes Repetida. Por outro lado, também walter hugo mãe irá apresentar o seu último livro - O Filho de Mil Homens, o primeiro escrito com maiúsculas - nas FNAC de Braga e de Guimarães no próximo sábado.
 
"[…] Em Uma Mentira Mil Vezes Repetida, nono romance de MJM (e talvez o seu melhor), o que está em causa é um embuste, uma falsificação intelectual. Reformado por invalidez aos 36 anos, devido a uma “agressiva doença de pele provocada pelo implacável stresse do funcionalismo público”, o narrador do livro anda às voltas pela cidade do Porto, viajando nos transportes públicos com um calhamaço de 1200 páginas. A qualquer passageiro que demonstre um mínimo de curiosidade, ele explica que Cidade Conquistada é o único e extraordinário romance de Oscar Schidinski, judeu húngaro que passou por Lisboa em fuga da ameaça nazi e dos “seus próprios fantasmas”, um autor esquecido mas genial, entretanto transformado numa “das mais obscuras lendas literárias do século XX”.
O problema, claro está, é que o livro nunca existiu. Devidamente encadernado, o cartapácio que o narrador mitómano finge ler não passa de uma “colagem de textos avulsos escolhidos quase sem critério, copiados da internet”. Todas as histórias de Cidade Conquistada, bem como as incidências biográficas do fictício Schidinski, saem da sua imaginação de escritor frustrado, incapaz de escrever por si mesmo uma obra-prima, e que por isso encontra na invenção de um livro raro, misterioso, impossível, o meio mais rápido de aceder à “celebridade”. No seu delírio, ele sonha um dia falar sobre Schidinski na televisão e em conferências eruditas, tornando-se famoso por causa disso. Em suma, além de mentiroso compulsivo, este típico narrador não fiável (porque nada do que afirma pode ser tomado como certo) é também um pobre diabo cheio de ilusões. […]
José Mário Silva
[Expresso, suplemento Actual]"
"Esta é a história de Crisóstomo que, chegando aos quarenta anos, lida com a tristeza de não ter tido um filho. Do sonho de encontrar uma criança que o prolongue e de outros inesperados encontros, nasce uma família inventada, mas tão pura e fundamental como qualquer outra.
As histórias do Crisóstomo e do Camilo, da Isaura, do Antonino e da Matilde mostram que para se ser feliz é preciso aceitar ser o que se pode, nunca deixando contudo de acreditar que é possível estar e ser sempre melhor. As suas vidas ilustram igualmente que o amor, sendo uma pacificação com a nossa natureza, tem o poder de a transformar.
Tocando em temas tão basilares à vida humana como o amor, a paternidade e a família, O filho de mil homens exibe, como sempre, a apurada sensibilidade e o esplendor criativo de Valter Hugo Mãe."

(ii) podes também procurar na biblioteca os livros dos novíssimos nomes da literatura portuguesa:
João Tordo



José Luís Peixoto


Dulce Maria Cardoso
Gonçalo M. Tavares



quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Não há só livros escolares

Consegues imaginar um mundo sem livros? Dificilmente. Os livros estão e estarão aí e fazem parte das nossas vidas graças a um grande número de escritores. 
Hoje, relembramos António Lobo Antunes.Se ainda não o leste, vê a entrevista que o escritor deu recentemente a Fátima Campos Ferreira. E, se gostares, procura os seus livros na biblioteca da ESCCB.


terça-feira, 18 de outubro de 2011

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Ainda tens dúvidas sobre o novo acordo ortográfico?

Ainda tens dúvidas sobre o novo acordo ortográfico? Consulta o powerpoint que se segue, disponibilizado pela Texto Editores.

Já foste ao teatro?

Em breve, os alunos de 9º ano assistirão a uma representação da peça de Gil Vicente Auto da Barca do Inferno. Para os ajudar a rever algum vocabulário, o Camilomultilingue disponibiliza um PDF do manual Diálogos7 da Porto Editora.

 

quinta-feira, 6 de outubro de 2011



Para os alunos de 9º ano, que andam a descobrir o Auto da Barca do Inferno, fica a questão: encontram aqui alguma semelhança com personagens retratadas por Gil Vicente?

Tomas Tranströmer, Prémio Nobel da Literatura 2011

É um dos poetas escandinavos vivos mais conhecidos do mundo e ganhou o Prémio Nobel da Literatura em 2011.
Em fevereiro deste ano, o blogue Poesia & Lda. publicou alguns dos seus poemas e o Português em Linha transcreve agora o poema "Histórias de Marinheiros".



HISTÓRIAS DE MARINHEIROS

Há dias de inverno sem neve em que o mar é parente
de zonas montanhosas, encolhido sob plumagem cinza,
azul só por um minuto, longas horas com ondas quais pálidos
linces, buscando em vão sustento nas pedras de à beira-mar.
Em dias como estes saem do mar restos de naufrágios em busca
de seus proprietários, sentados no bulício da cidade, e afogadas
tripulações vêm a terra, más ténues que fumo de cachimbo.
(No Norte andam os verdadeiros linces, com garras afiadas
e olhos sonhadores. No Norte, onde o dia
vive numa mina, de dia e de noite.
Ali, onde o único sobrevivente pode estar
junto ao forno da Aurora Boreal escutando
a música dos mortos de frio).
(1954)

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Descobre o novo acordo ortográfico

O Acordo Ortográfico (AO) provoca-te dores de cabeça? Hesitas sempre que tens que escrever um texto? Deseperas por ajuda? É fácil. Na dúvida, consulta sempre o teu professor de Português, mas – estando ele ausente – podes investigar por conta própria.
Primeiramente, sugerimos-te que leias o guia rápido para aplicação da nova ortografia. Verás que, nos primeiros tempos, as dúvidas serão frequentes. Poderás, por isso, ir realizando gradualmente alguns exercícios que te ajudarão a interiorizar esta nova forma de escrever algumas palavras.
Bom trabalho.

domingo, 16 de janeiro de 2011